domingo, maio 31, 2009

As Quatro Fases do Desenvolvimento Sexual


O despertar do sexo tem quatro fases. A primeira é o conhecimento das sensações nos genitais. A fase oral ou fase autosexual é vivida na infância, que ainda podemos chamar de fase masturbatória, seguida pela fase homossexual, depois pela heterossexual e ao fim pela fase não sexual. (1)

Autosexual

A primeira fase chamada de autosexual. Quando a criança nasce ela é naturalmente narcisista**. A criança ama seu corpo tremendamente, ela só conhece o seu corpo. A criança chupa seu dedo e com tanta euforia. O primeiro contato com o sexo se dá aí. E a criança brinca com seu próprio corpo, tentando e mesmo conseguindo levar o dedão do pé na boca e o chupando, este é o primeiro círculo de energia criado bem na tenra infância. A luz circula naturalmente na criança e ela curte, se diverte. Porque este círculo, esta luz é o que traz alegria e êxtase. A criança brinca com seus genitais não tendo nem noção que são órgãos sexuais. Ela não foi condicionada ainda; ela sente seu corpo como um todo. E com certeza os genitais são a parte mais sensível do seu corpo, ela adora tocá-los e brincar com eles.

E aqui é que os pais e a sociedade venenosa, por sua vez, com sua moral, entra na psique da criança com um ‘Não toque!’ e o NÃO é a primeira palavra suja que é ensinada à criança. E suas mãos são tiradas dos genitais com negações, criando culpa. E os pais com raiva e seus olhos condenando... e as mãos da criança são tiradas dos genitais que ela estava naturalmente desfrutando.

Nesse momento começa a destruição da natural sexualidade da criança. Nesse momento se inicia o envenenamento da fonte original da alegria da criança, do ser da criança. Nesse momento se inicia a criação da hipocrisia na criança. Ele se tornará um diplomata, um político ou um sacerdote.

Então quando os pais estiverem presentes, a criança não vai mais brincar com seus genitais, então a primeira mentira surgiu, ele não pode mais ser verdadeiro. Ela sabe que se ela for verdadeira com ela mesma, respeitando seus instintos naturais, sua alegria, seu prazer, há um clima negativo dos pais. A criança depende deles e eles são a porta para esta vida, é criado o amor negativo. A criança é amor e aprende algo dos pais que vai contra sua natureza, como se fosse verdade. As crianças são os seres mais abusados do mundo elas não podem se defender, não tem sindicatos, não podem reclamar com as autoridades do governo.

Os pais bloqueiam seus filhos por causa dos seus próprios condicionamentos, eles mesmos foram condicionados por seus pais e ficam então sem ação clara ao verem seu filho ou filha tocando seus genitais sem vergonha alguma. Uma criança pequena não sabe nada sobre vergonha, mas quando há a negação, a energia dela se retrai e ela nunca mais vai poder aceitar sua sexualidade naturalmente, relaxadamente. A repressão entrou e a criança ficou dividida em duas, mais à frente será dividida em muitas partes com outros condicionamentos adicionados. Seu corpo, sua energia já não é mais um todo. Alguma parte do corpo não é aceita e ela está aberta para aprender. Nesta idade tudo é aprendido imediatamente sem nenhuma barreira.

A criança aprende a rejeitar seu corpo, achá-lo feio e sujo. Lá dentro de sua psicologia ela começa a se castrar, a se bloquear. É muito difícil se encontrar uma pessoa neste mundo que não seja bloqueada sexualmente. A estupidez praticada pela humanidade, conduzida pelos políticos, legisladores, padres, clérigos, pastores, bispos, pais e educadores contaminou a energia natural humana com culpa e invalidação. Por isso a hipocrisia é o lugar comum neste mundo. Neste estado autosexual se encontra a maioria das pessoas porque tudo que uma criança aprende até os dois anos é levado por toda a vida como o período mais fundamental. Por isso há tanta masturbação em todo mundo este é o estado natural reprimido, perturbado na infância. Por isso tanta perversão e abusos infantis.

As pessoas não crescem sexualmente muito mais além desta fase. A masturbação não deve ser condenada como fazem as mesmas pessoas que a produziram em primeiro lugar, dizendo que a masturbação deixa a pessoa cega ou que crescem pelos nas mãos, ou que a pessoa fica idiota. A masturbação é algo que a ciência comprovou que não há mal algum. Mas a masturbação indica que a pessoa está ainda na fase infantil de sua sexualidade. Sendo tão reprimida a criança se torna possuída pela força natural da vida, a energia sexual. E então a masturbação se torna um hábito que pode perdurar por toda uma vida.

Para se mover para a próxima, a fase homossexual, torna-se necessário ter havido um crescimento natural na primeira, a fase autosexual, mas muito poucas pessoas se movem para ela. A maioria permanece na primeira, mesmo no ato sexual entre um homem e uma mulher, podem não estar fazendo nada mais do que uma mútua masturbação, esta é a triste realidade.

Sem falarmos nas neuroses e perversões de todos os tipos provenientes da primeira fase sexual reprimida, tal como pedofilias, abusos diversos, autoritarismos (jogos de poder), corrupção, etc... Muito poucas pessoas alcançam os estados orgásticos, que são experiências naturais humanas que iluminam se houver maturidade sexual. Poucas pessoas têm a chance de ter a experiência divina através do ato sexual, que é um fenômeno natural. No ato sexual a experiência do não tempo, da não mente acontece naturalmente. A experiência da meditação surge daí. Mas não acontece porque a grande maioria, senão a quase totalidade, está bloqueada na primeira fase.

O ato sexual é uma grande arte, precisa de sensibilidade e enorme consciência meditação, maturidade.

Homossexual

A segunda fase é a homossexual. Muito poucos se movem para esta fase que é também natural. A criança naturalmente ama seu corpo, a primeira fase é narcisista** e para se mover para o corpo feminino, para o corpo de uma garota será um salto muito grande. Naturalmente em primeiro lugar ele ou ela se move para os do mesmo sexo. O primeiro instinto é amar os do mesmo sexo, por terem o mesmo tipo de corpo e ser mais fácil de se compreenderem.

Esta fase homossexual é natural mas a sociedade ajuda as pessoas a ficarem estagnadas aí também porque criam barreiras entre homens e mulheres, garotas e garotos. Se estas barreiras não estiverem lá, a fase homossexual desaparecerá como veio e o interesse começa a se dirigir para o outro sexo, isso é a natureza. Mas as forças sociais não dão esta chance. Ao mesmo tempo em que separam os meninos das meninas com toda uma carga de negações e medos, com um condicionamento venenoso de geração a geração, eles também condenam a fase homossexual que se estende e se torna como conseqüência pervertida.

O homossexualismo é perpetuado pela sociedade e ao mesmo tempo condenado pela mesma sociedade. Agora, por causa de anos e anos de repressão desde a infância e da fase homossexual natural, ser homossexual se tornou um movimento de libertação da moral conservadora. Homossexualismo pervertido pela sua própria repressão se tornou uma bandeira política conquistando espaços na mesma sociedade reprimida que o criou e que mais e mais é pressionada a reservar direitos para essas pessoas.

Homens e mulheres são tão separados, por tanto tempo, em diferentes espaços e contextos que quando um homem quer amar ele não encontra a mulher e vice-versa, então o que estiver disponível ela se apaixona por uma mulher e ele por um homem. Isso não é satisfatório, mas melhor que nada.

Muitas são as causas que levam ao amor homossexual além desta. Mais complexo para se entender porque a mente humana ficou muito complexa, neurótica e pervertida. O que aqui está sendo abordado são as origens de todos os efeitos negativos não naturais que conduziram a humanidade a um quase beco sem saída nas relações sexuais, base das relações humanas, da paz, da harmonia, da violência e das guerras. O homossexualismo é uma fase que passa por si mesma se for permitida e encorajada sua expressão natural.

Heterossexual

A terceira é a fase heterossexual. Quando o ser humano cresce naturalmente das fases autosexual e homossexual ele é capaz e maduro para amar uma pessoa do outro sexo, que é um mundo (químico, psicológico e espiritual) totalmente diferente. Mas só amadurecido ele pode brincar com este organismo diverso.

As polaridades são opostas, mas quando há a união, quando se aproximam e há momentos que realmente estas energias se sobrepõem, se interpenetram, há então vislumbres de Samadhi. A união sexual se torna espiritual. As polaridades se encontram e se misturam em uma dança cósmica é isto que o Tantra vê, essa possibilidade do deserto se tornar um jardim florido. Mas é muito raro, quase impossível. A vida nos presenteia com possibilidades imensas de florescimento de nossa árvore. Mas nós nos afastamos da vida, em direção à morte, em direção ao ego cego.

Quando se fala na plenitude do orgasmo tântrico parece algo distante e inatingível. Parece ficção, ou poesia, mas isso é absoluta realidade. Porque essa experiência se tornou muito rara quando se fala do Tantra, Samadhi ou Orgasmo Pleno a maioria das pessoas se vê diante de algo do outro mundo, de outra dimensão. De qualquer forma é compreensível, porque a grande maioria 99% ou mais das pessoas foi condicionada negativamente em relação à sua sexualidade e ficou paralisada na primeira ou segunda fase do seu desenvolvimento natural.

Esse fenômeno do orgasmo pleno, da união suprema de um homem e uma mulher só é possível se ambos forem maduros sexualmente, se tiverem ultrapassado as duas primeiras fases. Senão, no ato sexual, os dois lá no fundo ou estão se masturbando ou com fantasias homossexuais. Para haver amor entre um homem e uma mulher ambos têm que estar prontos para amar o sexo oposto, o pólo oposto. Se houver superação do medo do encontro com a polaridade oposta e da eletricidade resultante. Quando as eletricidades da vida se encontram, homem e mulher, Yang e Yin, Shiva e Shakti, quando esta união, esta mistura acontece, eles desaparecem como entidades separadas, como egos. Eles se tornam uma só alma. Esta é a primeira experiência da não-mente, do não ego, do não-tempo e esta é a primeira experiência do Samadhi. (1)

No momento em que esta experiência acontece, então surge o anseio de alcançar o Samadhi como uma experiência natural onde não se depende nem do homem nem da mulher para isso. Porque a dependência é uma escravidão. Somente a partir da experiência do orgasmo heterossexual a pessoa começa a buscar por meios e métodos tipo: Yoga, Tao, Tantra -- para alcançá-los de forma auto-suficiente. E isso é perfeitamente possível porque no fundo cada homem é metade homem e metade mulher e vice-versa.

No momento que se descobre que é possível obter um orgasmo pleno, um samadhi com o sexo oposto é possível se obter dentro também. A polaridade externa só engatilhou o processo é um agente catalisador e agora é o início da meditação. Por essa razão, o Tantra indiano tem duas mãos: esquerda e direita. A mão esquerda se chama Vama Tantra e a mão direita Dakshna Tantra. A primeira é o Tantra com o parceiro a polaridade externa e a segunda é o Tantra sem parceiro.

Não-Sexual

A quarta fase é a não sexual que em sânscrito é conhecida como Brahmacharya que é o celibato natural, de jeito nenhum o celibato forçado dos monges e padres. Esse celibato dos padres é perverso, não é o verdadeiro evoluir da sexualidade. O Brahmacharya é o celibato natural dos Budas. O sexo simplesmente abandona a pessoa não há mais necessidade do outro sexo do lado de fora. O homem interior e a mulher interior se uniram, este é o verdadeiro casamento e é interior. Estar no estado orgástico é o natural. Um Buda vive em um contínuo orgasmo, ele respira orgasmo.

(1) Referência: OSHO, Philosophia Perennis, Vol 1; Talks on Pythagoras; Chapter #15; Chapter title: The festive dimension

Um comentário:

ॐ Padma Surya ॐ disse...

Amado G...

Que linda expressão e como me faz bailar com tuas palavras, me faz retornar a vários aspectos de minha vida, de minha jornada interior. Lembro-me com tristeza desta primeira fase, quanto tentava compreender meu corpo e as pessoas ao meu redor me punia, me colocava de castigo e me fazia sentir que tudo era pecado.

A vida se tornava um pecado em demasia, entrei para a Igreja e lá me desenvolvi de forma a me sentir a pior pessoa do mundo, a pecadora à espera do grande legislador.

E assim fui me anulando, me matando e sentindo a vida passar. Ou melhor, sentindo que a vida nem existia. Parece estranho todo este sentimento, mas a punição em demasia por sermos privados de nos conhecermos realmente tráz graves consequências.

Neste ponto, não posso deixar de citar, o bem imenso que você, com tua maestria, fez por mim. Permitindo que eu fosse além destes condicionamentos pervertidos e que pudesse me lançar, sem medo, no caminho do amor, na busca pelo reencontro com minha essência interior.

Me sinto viva, feliz e agraciada com todos os benefícios que o Tantra vem possibilitando à minha vida.

Eterna gratidão a ti pela sintonia de luz, amor e carinho. Espero sentir sempre neste cantinho mais textos tão plenos e sábios como estes.


Carinhos,
Padma Surya